O legado do fósforo

Um estudo desenvolvido no Programa de Pós-graduação em Ciência Solo, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) estudou o legado do fósforo (P) sob manejo a longo prazo do solo e fertilizantes fosfatados na produção agrícola.

“O fósforo é um dos nutrientes que mais limitam a produção agrícola devido à sua baixa disponibilidade nos solos, exigindo alta adubação com fertilizantes para obter uma boa produção. No entanto, diferentes formas de aplicações dos fertilizantes fosfatados podem afetar a disponibilidade de P no solo e aumentar a eficiência do uso deste nutriente pelas culturas”, conta a autora Marta Jordana Arruda Coelho, que teve como orientador o professor Paulo Sérgio Pavinato.

A pesquisadora conta que avaliou o efeito das formas de aplicação do fertilizante fosfatado (fosfatagem, sulco e lanço) em três diferentes sistemas de cultivo de longa duração, convencional, reduzido e plantio direto no acúmulo de P do solo e na sua disponibilidade às plantas.

“No sistema convencional, observamos um estudo com doze anos de duração e buscamos entender o efeito da aplicação do fertilizante com doses iniciais (fosfatagem) e anuais de P (manutenção) na produção de algodão e soja em um Latossolo do Mato Grosso - Brasil”, explica.

No sistema reduzido de cultivo, Marta avaliou uma área com dez anos de duração, mapeando a influência da adubação fosfatada (lanço superficial e sulco profundo) na produção de milho e soja em um Molissolo de baixa fertilidade do Kansas, EUA. “A aplicação do fertilizante a lanço superficial aumentou tanto o P disponível como frações de P menos disponíveis no solo na camada superficial (0-7,5cm), tendo maior eficiência de uso do fertilizante à lanço em comparação à aplicação em sulco profundo”, detalha.

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Unesp pesquisa pasto ecológico e mais lucrativo

Conservar a natureza e obter lucro. Esse conceito dá sustentação a uma das mais importantes experiências feitas no Brasil visando reduzir a emissão de gás metano na atmosfera e, ao mesmo tempo, acelerar o ganho de peso do gado nelore no sistema de pastagem tropical.

O projeto foi elaborado e está sendo conduzido por pesquisadores da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Jaboticabal (SP).

O metano (CH4) é o principal gás de efeito estufa gerado pela pecuária. Produzido pelo sistema digestivo do boi e eliminado pela boca e narina, é o segundo gás que mais contribui para o aquecimento global. Conhecer quanto o bovino de corte emite e as causas que influenciam é fundamental para a sustentabilidade da pecuária e o aprimoramento da prática.

Os experimentos são feitos desde 2014 e seguirão até o ano de 2021, porém, as pesquisas científicas remontam a uma década, informa o professor da Unesp e coordenador do projeto, Ricardo Andrade Reis. Ele é zootecnista com formação em pastagem. “Procuramos integrar o sistema, manejando ao mesmo tempo o pasto, os animais e o solo. Há ainda uma inter-relação com o clima e o mercado.”

Segundo o estudioso, a pecuária moderna deve atuar integrando todos os elos da cadeia produtiva. “A responsabilidade tem de ser repartida por todos, e o sistema só funciona se houver lucratividade”, afirma Ricardo. Essa dinâmica está sendo cada vez mais adotada no Brasil e é necessária, à medida em que o país se consolida como um dos maiores exportadores mundiais de carne, enquanto, paralelamente, exigências ambientais se acirram por parte do consumidor interno e internacional.

A pecuária praticada no Brasil é criticada por ser emissora de gases. Nos últimos dez ou 15 anos, no entanto, alta tecnologia genética, melhora considerável na alimentação e manejo do gado e pasto encarado como cultura mitigam os impactos ambientais. E mais: segundo Ricardo Reis, pastagens bem manejadas absorvem carbono e compensam o metano emitido pelas vacas. “Desmitificam assim o papel da atividade como vilã no processo de aumento das temperaturas globais. A opinião pública tem de receber informações seguras acerca dos resultados positivos referentes ao salto tecnológico nas fazendas. A pecuária de ponta hoje interage com a natureza, ajuda na conservação ambiental”, enfatiza Ricardo.

Os experimentos na Unesp comprovam. A adubação de pastagens de gramíneas tropicais com nitrogênio e a suplementação da dieta com nutrientes selecionados têm resultado na redução das emissões de gases de efeito estufa e no aumento do ganho de peso por hectare, o que se traduz em eficiência econômica. O projeto tem colaboração de especialistas da University of Queensland, da Austrália, da University of Florida, dos EUA, da Embrapa Pecuária Sudeste e da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), Polo Regional de Assis.

É  financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O auxílio chega também de empresas privadas, que colocam seus produtos nos experimentos. O financiamento da Fapesp e a colaboração das empresas mantêm ativo o trabalho em tempos de verbas escassas para as universidades públicas. 

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